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Intelectuales Orgánicos

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Antonio Sebastiano Francesco Gramsci

"Se os novos intelectuais se assumem como continuação direta da Intelligentsia anterior, não são absolutamente novos, não estão vinculados ao novo grupo social que representa organicamente a nova situação histórica, mas são um resíduo conservador e fossilizado do grupo social historicamente  superado (o que equivale a dizer que a nova situação histórica ainda não chegou ao grau de desenvolvimento necessário, que lhe assegura uma capacidade de criar novas estruturas, mas vive ainda no quadro carcomido da velha histórica)". GRAMSCI, Antonio. O materialismo histórico e a filosofia de Benedito Croce, pág. 148. 

Quem são os intelectuais orgânicos? 

Segundo Hugues Portelli, no livro Gramsci e o bloco histórico: 

"Gramsci distingue diferentes categorias de intelectuais, mas todos têm em comum o vínculo mais estreito que os liga a uma classe determinada. [...] Os intelectuais não constituem uma classe propriamente dita, mas grupos vinculados às diferentes classes: 'Não existe uma classe independente de intelectuais, mas cada grupo social possui sua própria camada de intelectuais, ou tende a formá-la' (Gramsci)".  [...] Um intelectual sem vínculo orgânico tem importância tão desprezível quanto as ideologias que produz e que Gramsci qualifica de 'elocubraçõezinhas individuais' .  (págs. 105-107)

Intelectuais tradicionais e intelectuais orgânicos 

   

"O velho tipo de intelectual era o elemento organizador de uma sociedade de base essencialmente camponesa e artesanal. Para organizar o Estado, para organizar o comércio, a classe dominante desenvolveu um tipo particular de intelectual. A indústria introduziu um novo tipo de intelectual: o quadro técnico, o especialista da ciência aplicada. Nas sociedades em que forças ecoômicas desenvolveram-se num sentido capitalista, a ponto de absorver a maior parte da atividade nacional, prevaleceu esse segundo tipo. 

Os intelectuais orgânicos do novo bloco histórico, essencialmente os da classe fundamental, opõem-se aos intelectuais do antigo bloco histórico. Estes são qualificados por Gramsci como intelectuais 'tradicionais': agrupam assim, as diversas camadas de intelectuais que existiam antes do surgimento da nova classe fundamental. Esta, para estabelecer sua hegemonia, deve absorvê-los ou suprimi-los. (pág. 112)

Uma das características dos intelectuais tradicionais é de se apresentar como uma categoria autônoma. [...] Tal posição explica-se socialmente por três razões: por um lado, esses grupos intelectuais frequentemente perderam a base social à qual estavam organicamente vinculados; por outro lado, esses intelectuais proclamam-se autônomos porque estão fortemente organizados, formam uma casta: os intelectuais 'moleculares' são absorvidos mais facilmente que as castas, pois não estão organizados. Enfim, e esse é sobretudo o caso das Igrejas, o fato de que sua ideologia seja religiosa, reforças essa convicção, na medida em que a religião é uma concepção de mundo bastante complexa. (pág. 117) 

[...] aqueles que participam da hegemonia repartem-se segundo o valor qualitativo de sua função, do grande intelectual ao intelectual subalterno: na cúpula, os criadores da nova concepção de mundo e de seus diversos ramos: ciência, filosofia, arte, direito etc.; no escalão inferior, aqueles que estão encarregados de administrar ou divulgar essa ideologia. Gramsci distingue o criador, o organizador e o educador. Além disso, essa distinção combina-se com a dos intelectuais das sociedades civil e política - onde os educadores não têm papel importante. 

Gramsci distingue entre esses diversos níveis de intelectuais a situação dos 'criadores', que ele privilegia, assim como privilegia, no seio da ideologia, a filosofia em comparação com o senso comum. Essa distinção entre o criador e o organizador não é puramente analítica, mas rica de consequências estratégicas: ela traduz uma preocupação de Gramsci, na luta ideológica contra os intelectuais do grupo dominante, de dirigir o essencial do esforço para os 'grandes intelectuais', chaves-mestra da criação ideológica (pág. 123): 

                                                'Na frente ideológica, a derrota dos auxiliares e adeptos menores tem uma consequência                                                               quase negligenciável; é uma luta em que é preciso reservar os golpes para os mais eminentes.                                                    Senão, confunde-se o jornal com o livro, a pequena polêmica cotidiana com o trabalho                                                                 científico; é preciso abandonar os menores à casuística infinita da política que toca os jornais'.     

       [...] 

Uma crise orgânica só conduz a um novo sistema hegemônico se as classes subordinadas conseguem, antes mesmo da explosão da crise, organizar-se e construir sua própria direção política e ideológica. Tal problema é difícil de resolver: por um lado, uma classe só é realmente hegemônica quando consegue apoderar-se do Estado - sociedade civil + sociedade política - e, por outro lado, as classes subordinadas, por sua própria situação no seio do bloco histórico, só têm reduzidas possibilidades de organizar-se. Na maioria dos casos são elas excluídas da vida política real por falta de intelectuais orgânicos: seus representantes são realmente os intelectuais orgânicos subalternos da classe dominante e sua organização autônoma nem sempre ultrapassa o nível econômico-corporativo. Gramsci inclusive constata, em Alcuni temi, de que modo o 'proletariado, como classe, é fraco em elementos organizadores: não possui e não pode dotar-se de uma camada de intelectuais senão muito lentamente, muito dificilmente, e somente depois da conquista do poder estatal'.

[...] Essa classe essencial, que aspira à direção do novo bloco histórico, deve então gerar os intelectuais orgânicos que lhe darão sua própria concepção do mundo e organizarão um sistema hegemônico sobre as classes subordinadas (págs. 147-148).  

[...] Direção ideológica e direção-político militar são, então, as duas condições necessárias a uma verdadeira luta das classes subordinadas contra o sistema hegemônico dominante. Sua combinação depende da estratégia adotada" (pág. 151).    

 

In: PORTELLI, Hugues. Gramsci e o bloco histórico.  Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.     

         

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